Guirroh: de vampiro a louco por Jesus
- Redação SVM

- 27 de nov.
- 2 min de leitura

Guirroh viveu tudo que não se espera de um artista cristão. Gótico em cidade praiana, vampirismo real, cemitérios de madrugada, pactos nas trevas. Até que uma música de adoração em inglês, achada por acaso num pen drive emo, virou o fim de tudo aquilo.
A história dele passa por rejeição, adoção descoberta aos 7 anos, tentativas de suicídio, internação hospitalar por falência de órgãos e um encontro cara a cara com o que ele chama de anjo da morte. Não é metáfora. Guirroh jura que morreu e voltou.
Ele contou tudo em entrevista ao canal Makir Podcast. O relato é longo, denso, cheio de detalhes que soam absurdos até pra quem acredita em experiências sobrenaturais. Mas é dele. E virou música.
Criado em Balneário Camboriú, Guirroh descobriu cedo que era adotado. A informação veio de forma dura, sem preparo. A partir dali, começou a busca por identidade em lugares cada vez mais sombrios. Surf profissional de dia, trevas de noite. Pedras, rituais, autoflagelo. Ele bebia vinho sozinho em cemitérios. Chupava sangue. Cultuava a morte porque a vida não fazia sentido.
Em 2004, aos 18 anos, quebrou o braço surfando. A prima evangélica insistiu que ele fosse à igreja. Um garoto desconhecido orou, o braço esquentou, a cura veio sem cirurgia. Guirroh achou estranho mas voltou pro mundo dele.
Cinco anos depois, em 2009, uma crise hepática quase o matou. As plaquetas caíram pra 45 mil quando o normal é 170 mil. Ele viu gente morrer no hospital. Viu o próprio corpo falhar. O pai trouxe uma Bíblia pentecostal azul, tijolona, e disse que ele sairia na quinta-feira. Era segunda. Guirroh não acreditou. Saiu na quinta.
Mas ainda não tinha se convertido. Voltou pras trevas, namorou menina que também se cortava, afundou em pornografia e isolamento. Até que em novembro de 2012, sozinho em casa, quis ouvir música no YouTube. Achou "Set a Fire" do United Pursuit. Cruzou os braços, cético. A música tocou. As lágrimas vieram. Ele sentiu cheiro de ovelha, memória de infância, pertencimento.
Hoje, casado, três filhos, ele fala abertamente sobre a jornada. Conheceu a mãe biológica um mês depois de casar. Fechou um buraco que sangrava desde os 7 anos. Virou Guirroh, deixou o nome antigo pra trás. Porque aquele cara morreu. Esse aqui nasceu de novo.
E toda essa trajetória está registrada em "Eletrorock", projeto que acaba de lançar. O álbum funciona como autobiografia sonora: fala do encontro no escritório de casa, da transição de vampiro pra louco por Jesus, do deserto virado oásis, da esposa que ele chama de mina de ouro, da serpente esmagada na cruz. As letras são cruas, diretas, sem metáfora forçada. É tudo ali: a cura, a loucura, a vida que virou vermelha de tanto sangue de Jesus.








